Corpos Plurais

corpos plurais

Dia 16 de maio de 2019, no campus da PUC-Rio (Gávea), no terceiro andar do prédio do Departamento de Artes & Design (localizado na Vila dos Diretórios).

Este encontro deu visibilidade a pesquisas acadêmico-artísticas que, de diferentes formas, apostam no corpo como uma ferramenta potente de (re)existência. Com palestras, performances e atividades coletivas – todas acontecendo no mesmo dia, em diferentes espaços do campus da PUC –, este evento teórico-prático deu a ver corpos em diversidade, afrodiaspóricos, feministas e queer, que nas últimas décadas vêm produzindo saberes a partir de suas próprias práticas e existências. A programação, organizada por discentes da PUC-Rio e detalhada abaixo, visou instigar reflexões sobre a cadeia hierárquica de injustiças e desigualdades que historicamente violenta corpos subalternizados no Brasil e no mundo.

Entendemos que o corpo é capaz de resistir aos dispositivos de controle que o atravessam e o constituem – família, escola, governos, medicina, psicologia, instâncias jurídicas e religião. Ao reconhecer a atuação desses dispositivos como mecanismos de produção de verdades – identitárias e socialmente segregadoras – abrimos o caminho para que, através da crítica, eles possam ser revelados e desconstruídos.

O corpo pode se converter em uma máquina produtora de novos sentidos, novos territórios de ocupação contranormativos e insubordinados, e a arte tem papel fundamental neste processo. Acreditamos que todo corpo é político e que, através dos corpos, a arte externaliza potências políticas, trabalha na ressignificação de comportamentos, na geração de novos saberes do corpo, convertendo-se em instrumento de guerrilha e estratégia de resistência.

O encontro foi organizado por discentes do design, letras, teatro e relações internacionais e financiado pelo Instituto de Estudos Avançados em Humanidades (IEAHu) do Decanato do CTCH da PUC-Rio.

PROGRAMAÇÃO:

10h – Abertura – Reespirando Juntes: atividade coletiva sensibilizando corpos para a escuta das diferenças.
– Dani Lima (coreógrafa e bailarina, doutoranda em Literatura Cultura e Contemporaneidade, PUC-Rio)
– Elizabeth Franco (Instrutora de Tai Chi Chuan, doutoranda em Artes & Design, PUC-Rio

10h30 – Mesa de abertura:
– Luisa Buarque (Instituto de Estudos Avançados em Humanidades, PUC-Rio) e Guilherme Altmayer (doutorando em Artes & Design, PUC-Rio) apresentam o evento.

10h45 – Palestra com Eleonora Fabião
(Teórica e performer, professora do Programa de Pós Graduação em Artes da Cena, UFRJ).

12h15 – Almoço coletivo.
Ação performativa comandada por Elizabeth Franco, doutoranda em Artes & Design, PUC-Rio. Uma provocação aos corpos normatizados em sua forma de comer. (VAGAS LIMITADAS – Sujeito a lotação)

13h30 – Performance no Campus – Ação estético-política “Encruzilhada”.
– Lucas Santos, graduando em Artes & Design da PUC-Rio

14h/16h – Mesa: Como insurgir o corpo? (De)formações e estranhamentos na produção de saberes.
– Carla Rodrigues (flósofa, professora do Departamento de Filosofia da UFRJ)
– Helder Thiago Maia (pesquisador de literatura e teoria Queer, pós-doutorando em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, USP)
– Andiara Ramos (pesquisadora das relações entre as ações estético-políticas de resistência e a escrita ativista de grupos minoritários)
– Adriana Azevedo (artista e crítica cultural, pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Literatura, Cultura e Contemporaneidade, PUC-Rio)
Provocadora: Denise Portinari (Professora do Departamento de Artes & Design, PUC-Rio);

16h15/18h30 – Mesa: Como falar o corpo? Desobediência e lugares de fala.
– Fátima Lima (antropóloga e professora do Programa de Pós-Graduação em Relações Étnico-Raciais PPRER/CEFET e colaboradora da Casa das Pretas
– Renato Noguera (filósofo e pesquisador de estudos afro-brasileiros na UFRRJ)
– Michelle Mattiuzzi (performer e escritora)
– Luciana Bastos (bailarina, membro durante 6 anos do Núcleo de Formação continuada da Escola Livre de Dança da Maré, atualmente trabalha com o corpos idosos na favela)
Provocadora: Mariana Patrício (CCE, PUC-Rio);

18h40 – Fechação: “Super Zentai – Corpo, gênero e identidade”.
Ação do performer Rafael BQueer, seguida de convocação para dança coletiva com Haroldo André Garcia (doutorando em Literatura, Cultura e Contemporaneidade, PUC-Rio).

Queerizando o Design

queerizando o design

O Grupo Barthes GILET (Grupo Interdisciplinar de Leituras e Estudos Transviados), em conjunto com o Departamento de Artes e Design, convidam a todos e todas para diversas atividades no mês do combate a homofobia. O evento conta com a parceria com o espaço de arte Despina, com evento integrado com o terceiro ciclo de Arte e Ativismo na América Latina.

Programação:

19/06 – Terça-feira

Performance: Encruzilhada | Por Lucas Santos
14h30 – Terceiro andar do Departamento de Artes e Design
Encruzilhada convida a todes para uma performance de piedade para com a covardia: um despacho transviado contra a caretice, a moralina e os bons costumes.

Palestra: Homossexual Data | Com Felipe Rivas San Martin
15h – Sala de reunião no terceiro andar do Departamento de Artes e Design
Em Homossexual Data, o artista e pesquisador chileno Felipe Rivas San Martin, apresenta resultados de sua pesquisa sobre a construção do sujeito homosexual através do tempo (data) e de dados (data) biométricos presentes em duas investigações. A primeira, Homosexualismo e Endocrinologia de 1938, identifica homossexuais (frequentadores da praça Tiradentes) a partir, por exemplo, da forma triangular de seu conjunto de pelos pubianos, e mais recentemente, em 2017, um estudo sobre algoritmos de reconhecimento facial para identificar homossexuais, supostamente com mais precisão que os próprios humanos. Oitenta anos separam os dois estudos, e nesta revisão de arquivos do passado e presente, Felipe denuncia o persistente controle e desenho do corpo homossexual a partir de dispositivos tecnológicos e biométricos, em lógicas que se repetem e se tornam mais sofisticadas.

Oficina: Descolando Gênero e Sexualidade | Com Eva Célem
17h – Sala de reunião no terceiro andar do Departamento de Artes e Design
A Oficina Descolando Gênero e Sexualidade propõe uma releitura queer das dinâmicas de ‘Consciousness-Raising Groups’ do movimento feminista americano da década de 70. Estes grupos partiam do pressuposto que “o pessoal é político”, e a partir da fala pessoal de cada mulher, procuravam semelhanças e diferenças para demonstrar que aqueles eventos não eram ocorrências individuais, mas fruto de uma opressão estrutural. Partindo deste pressuposto que “o pessoal é político”, a Oficina Descolando Gênero e Sexualidade se estrutura ao redor de um conjunto de materiais e atividades, desenvolvidas pela pesquisadora, que tem como objetivo despertar a fala e facilitar o debate e reflexão sobre gênero e sexualidade. Adotando uma postura contra-normativa, tem a proposta de permitir que a realidade, curiosidade, fala e questionamentos das participantes moldem o desenvolvimento do encontro.
Capacidade: 15 mulheres (ordem de chegada)

21/06 – Quinta-feira

Palestra sobre PREP e novos paradigmas de prevenção ao HIV | com Simone Wolfgang
16h – Estúdio de Foto e Vídeo do Departamento de Artes e Design
Você sabe o que é PrEP? PEP? Em julho de 2014 a OMS lançou uma recomendação mundial, que tinha como alvo os homossexuais masculinos, HSH, e mulheres trans, afirmando que todos os membros soronegativos desses grupos deveriam fazer uso da PrEP, profilaxia pré exposição ao vírus HIV de maneira definitiva e continuada. A PrEP, nada mais é, do que o uso de medicação antirretroviral (aquela usada para tratamento terapêutico de soropositivos) como forma de prevenção ao HIV/Aids. Quatro anos se passaram e atualmente a PrEP é política de saúde pública no Brasil. Nesta palestra falaremos um pouco sobre a PrEP e sobre as perspectivas ligadas a prevenção ao HIV e os rumos da epidemia nos dias atuais.

Exibição de filme
17h – Estúdio de Foto e Vídeo do Departamento de Artes e Design